Nascia mais um dia, nosso quarto na capital argentina. Acordamos, tomamos um café reforçado e saímos cedo do hotel pois, segundo nosso planejamento, este seria o dia que mais andaríamos durante nossa viagem. Fomos até a Plaza de Mayo e, dali, pegamos a rua Bolivar (aquela que passa bem em frente do Cabildo). Logo no segundo quarteirão, entramos em uma igreja: a Iglesia de San Ignacio… uma bonita igreja branca com gigantescos altares coloridos, que estava praticamente vazia. Paramos um pouquinho para rezar, admirar as imagens sacras e, claro, tirar umas fotos!
Saímos da igreja e continuamos andando pela rua Bolivar atá a próxima esquina, onde fica o Palacio Raggio (que estava sendo reformado). Entramos na rua Moreno e seguimos em direção a Puerto Madero. Chegando na famosa região, fomos até a rua que separa os diques 1 e 2… rua que leva até a famosa Fuente Monumental Las Nereidas, concebida pela escultora argentina Dolores Mora de Hernández e inaugurada em 1903. Na época de sua inauguração, houve muita polêmica em relação à obra por ela retratar várias figuras nuas!
Já estávamos indo embora em direção ao Bairro de La Boca e o Caminito mas, como a bonita fonte fica diante de uma das entradas do Parque Ecológico de Buenos Aires, sugeri que entrássemos para dar uma olhada no parque… mesmo sua vegetação parecendo estar bem seca.
Quando estávamos chegando na entrada do parque, um ônibus para bem ao nosso lado e começa a descer um monte de gente… todos vestidos de azul e amarelo… era o time do Boca Juniors que chegava para fazer uma caminhada matinal no parque. O que fizemos? Fomos atrás para conseguir umas fotos: minha mãe com a maioria do time argentino e eu com o craque Riquelme! Depois das fotos com os futebolistas, saímos do Parque Ecológico e seguimos nossa andança… rsrs
Saindo do parque, meu GPS mental (rsrs) falhou e acabei virando na avenida errada e fomos entrando em um lugar bem estranho! Andamos mais ou menos uns cem metros quando vi que estávamos no lugar errado e começamos a retornar. Enquanto andávamos de volta à Fuente de Las Nereidas, um caminhoneiro nos abordou e disse que não deveríamos andar sozinhos por ali, já que era um bairro perigoso! Demos uma apertada no passo e logo estávamos na avenida onde deveríamos ter virado! kkkkkkk
Andando através da Avenida Elvira Rawson de Dellepiane, passamos em frente ao Casino Puerto Madero e o Casino Flotante, que fica em um barco ancorado no canal que dá acesso aos diques de Puerto Madero. Passamos por baixo da Autopista 25 de Mayo e entramos na Avenida Brasil… andamos dois quarteirões e chegamos ao Parque Lezama, uma grande praça com muito verde, monumentos e pessoas com seus cachorros. Rápida pausa para uma respirada e uma admirada da praça e continuamos.
Alguns quarteirões adiante, chegamos a um outro parque que, infelizmente, não consegui descobrir o nome. É um lugar muito bem cuidado, com jardins, laguinhos artificiais, esculturas, banheiros públicos e, ao fundo, o Estádio La Bombonera! Tiramos algumas fotos no parque e seguimos pelo Bairro de la Boca, em direção ao estádio do Boca Juniors, o time de futebol mais popular da Argentina.
O Bairro de la Boca é relativamente pobre, com casas simples e aparentemente antigas. Mas é uma região que achei bem bonita porque é repleta de grafites e artes em suas paredes… para alguém formado em Design Gráfico como eu, é um prato cheio!
Dizem também que é um bairro perigoso e que é preciso ter muito cuidado ao andar por suas ruas. Já estive por lá duas vezes, andei bastante e não tive qualquer tipo de problema ou dificuldade… mas vai saber, né? É sempre bom estar alerta!
Minutos depois, estávamos diante de La Bombonera. Haviam muitos turistas no local e ônibus de excursões chegavam sem parar. Existem muitas opções para quem quer visitar o local: tour pelo estádio e pelo museu do time, compras na lojinha oficial do Boca, fotos na entrada do estádio (com o gigantesco escudo do Boca Juniors ao fundo), comparar seus pés e mãos com os de grandes astros do time em uma espécie de “Calçada da Fama do Boca” (que fica na própria calçada ao redor do estádio).
Ao redor do estádio, tudo gira em torno do Boca Juniors e de La Bombonera: lojas, restaurantes e até mesmo as casas são majoritariamente nas cores azul e amarelo.
Saímos do entorno do estádio e pegamos a rua Dr. del Valle Iberlucea, que nos levaria diretamente ao Caminito, nossa próxima parada!
As casas no caminho também são antigas, repletas de grafites e muito coloridas e, como em muitos lugares de Buenos Aires, algumas das ruas da região do Camito estavam em obras! Apareceram as primeiras lojinhas de presentes, mesas de bares e restaurantes espalhadas pelas calçadas e ruas, barraquinhas de artesanato e muitas, mas muitas, cores! Estávamos entrando no famoso Caminito.
Mas, como já era por volta de meio-dia, uma paradinha para o almoço. Fomos a um restaurante que se chamava Caminito Tango Show e o lugar estava completamente vazio… somente nós três no estabelecimento! A comida estava boa e foi o dia em que nossa refeição chegou mais perto do que comemos aqui no Brasil: salada, arroz, batata frita e picanha… e a sobremesa, é claro! O atendimento foi bom e eficiente, mas o pessoal era muito sério (quase que parecendo bravos)… sem problemas, estávamos ali para comer e não para fazer amigos kkkkkk…
Acabamos o almoço e fomos para o Caminito em si, uma rua-museu muito procurada pelos turistas por seu grande valor cultural (adquirido por ter inspirado o tango “Caminito”, de 1926). A rua é levemente curva, tem apenas 150 metros de extensão, fica em posição diagonal se comparada às demais ruas da região e adquiriu o status de rua-museu em 1959.
Na sua curta extensão, podem ser encontradas obras artísticas de grande importância, casais dançando tangos em seus paralelepípedos, dezenas de barracas vendendo artesanato e pinturas e, claro, as coloridas e características casinhas de madeira e zinco no estilo conventillo boquense trazido pelos imigrantes genoveses no final do século XIX.
Curioso saber que antigamente a rua era um caminho natural conhecido como ‘La Curva’, que foi se deteriorando até se tornar um depósito de lixo. Na década de 50, alguns moradores da região, entre eles o pintor boquense Benito Quinquela Martín, decidiram recuperar o local e, em 1959, o governo municipal construiu ali a rua-museu, colocando-a o nome de Caminito.
Sobre esta recuperação da rua, o próprio Quinquela Martín afirmou: “Um bom dia me veio a ideia de converter este pardieiro em uma rua alegre. Consegui que fossem pintadas todas as casas de material ou de madeira e zinco as quais dão seus fundos para este estreito caminho(…)E o velho pardieiro, foi uma alegre e formosa rua, com o nome da formosa canção e nela se instalou um grande Museu de Arte, no qual se podem admirar às obras de renomados artistas, doadas por seus autores generosamente”.
E, deste sonho de alguns vizinhos, nasceu um dos mais famosos cartões-postais de toda a Argentina… um belo trabalho, sem dúvida.
Saímos do Caminito e fomos andando até a Avenida Regimiento de Patricios… seguindo por ela em direção ao Microcentro de Buenos Aires, passaríamos novamente pelo Parque Lezama (onde a Avenida passa a se chamar Defensa) e, se continuássemos indo em frente, sairíamos na Plaza de Mayo. Por isso, mãos à obra… ou melhor, pés à obra, pois a caminhada seria longa! rsrs
Situado no Parque Lezama, encontra-se o Museo Historico Nacional, criado em 1889 e transferido para seu local atual em 1897. Ele não é muito grande, mas contém objetos importantíssimos e de valor incalculável para a Argentina, como a primeira bandeira do país, documentos, pinturas, espadas, pianos, roupas, objetos diversos e até mesmo o quarto onde o General José de San Martín morou na França! Infelizmente, não era permitido fazer fotos dentro do museu… então, para saber mais, podem acessar o seu site oficial.
Terminada a rápida visita (uns 30 minutos, no máximo), continuamos seguindo a rua Defensa e, uns quarteirões mais adiante, chegamos à Plaza Dorrego, onde acontece a tradicional Feira de San Telmo. Mas, como não era domingo (dia quando a feira é realizada), a praça estava vazia e seguimos andando. Um pouco mais a frente, uma pausa para uma rápida foto em um banquinho com a estátua de Mafalda, famosa personagem criada na década de 60 pelo cartunista argentino Quino.
Andamos mais um pouco e paramos na Iglesia y Convento de Santo Domingo. A antiga igreja estava com seu interior em processo inicial de restauração: paredes e teto descascados, redes de segurança sobre nossas cabeça, ambiente escuro… sinceramente, a igreja estava bem feia, mas chamava a atenção um grande órgão de tubos localizado atrás do altar principal.
Seguimos nossas andanças e, duas quadras mais para frente, fica o Convento de São Francisco… não entramos porque a igreja estava fechada, com vários andaimes diante de sua fachada. Curiosamente, quando visitei esta igreja em 2011, ela também estava fechada com os mesmos andaimes. Será que ela está passando por um demorado processo de reforma e restauração? Sinceramente, não sei…
Mais alguns poucos metros e estávamos de volta à Plaza de Mayo. Na praça, algumas pessoas estavam começando a preparar uma manifestação que aconteceria mais tarde… haviam bandeiras Wiphala (utilizadas por etnias da Cordilheira dos Andes) e alguns repórteres entrevistavam um homem que acredito ser um dos organizadores do evento. Mas, como minha mãe e minha irmã estavam muito cansadas (e até mesmo irritadas… nem quiseram tirar foto com a Mafalda), voltamos para o nosso hotel e não ficamos para o protesto.
Mas o protesto deve ter sido agitado: mais tarde, de dentro do nosso quarto, escutamos o barulho da manifestação por algumas horas…
Descansamos, tomamos um banho e, quando já era noite, demos uma passadinha na bonita Galeria Güemes para jantar e pegar algumas informações sobre as apresentações de tango no Teatro Astor Piazzolla, localizado na galeria… porém, já estava tudo fechado: lojas, bares, restaurantes e a bilheteria do teatro. Achei estranho porque não era muito tarde… devia ser umas 19 horas mais ou menos. Mas fazer o quê? Fomos procurar outro lugar para jantar.
Mas quem diria que o fato de estar tudo fechado seria, na verdade, uma grande sorte? Subimos a Calle Florida e eu procurava um restaurante bacana onde tinha jantado na minha viagem anterior a Buenos Aires e que ficava em uma rua que cruzava a Florida. Mas, acabei virando na rua errada e acabamos nos deparando com um restaurante muito bonitinho chamado Il Fratello. Entramos…
E o azar da Galeria Güeme estar fechada e de depois entrarmos na rua errada acabou se tornando a grande sorte gastronômica que tivemos na viagem! O restaurante, em uma rua estreita e escura, foi um grande achado: ambiente agradável e aconchegante, atendimento extremamente simpático e cordial… e a comida? Meu Deus do céu! Comemos um peito de frango grelhado com molho de bacon defumado e champignons e batata frita que era de outro mundo… além de ser uma delícia, era um prato muito bonito!!
Caso queira conhecer mais deste restaurante (que recomendo), acesse o seu site oficial.
Depois do jantar, retornamos para o nosso hotel e encerramos o nosso quarto dia em Buenos Aires. Fomos dormir porque o dia seguinte seria de muitos lugares a serem visitados… leia os próximos posts para acompanhar o restante de nossa viagem à capital argentina e, caso tenha perdido o que aconteceu nos três primeiros dias, basta dar uma procurada nos posts anteriores. Espero que esteja gostando do nosso Diário de Viagem.
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